Ata do Copom: BC vê melhora no cenário para inflação, mas diz que permanecerá 'vigilante' e não indica quando pode baixar juro
O Banco Central informou nesta terça-feira (16) que a "moderação gradual da atividade" econômica tem prosseguimento, assim como a "diminuição da inflação corrente e a redução nas expectativas de inflação" — algo esperado para, em algum momento, começar a reduzir o juro.
Entretanto, não deu indicações de quando poderá começar a cortar a taxa básica da economia, atualmente em 15% ao ano o maior nível em quase 20 anos. Informou apenas que seguirá "vigilante e, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de alta [dos juros] se julgar apropriado'.
As avaliações constam na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, ocorrida na semana passada, quando a taxa básica de juros foi mantida estável em 15% ao anos. Foi a quarta manutenção seguida do juro neste patamar.
🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.
O mercado financeiro está dividido sobre o momento em que o Copom começará a reduzir a taxa Selic. A maior parte dos economistas acredita que isso acontecerá somente na reunião de março, a segunda de 2025, quando a taxa recuaria para 14,5% ao ano.
Cautela
O Banco Central avaliou, ainda, na ata da última reunião do Copom, que a "condução cautelosa" da política de juros tem contribuído para se observar ganhos desaceleração da inflação.
Reafirmou o "firme compromisso" com a missão de levar a inflação à meta e que o cenário atual prescreve uma política "significativamente contracionista por período bastante prolongado'.
"Além disso, nota que os vetores inflacionários se mantêm adversos e que seguirá acompanhando o ritmo da atividade econômica, fundamental na determinação da inflação, em particular da inflação de serviços; as expectativas de inflação, que se mantêm desancoradas e são determinantes para o comportamento da inflação futura; o repasse do câmbio para a inflação; o balanço de riscos; e a própria dinâmica da inflação corrente", informou o Banco Central, na ata do Copom.
Desaceleração da economia
O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país.
A explicação é que, com um ritmo menor de crescimento, há menos pressões inflacionárias, principalmente no setor de serviços.
➡️Na ata da última reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira (16), o BC informou que o chamado "hiato do produto" segue positivo.
➡️Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.
Como o Banco Central atua?
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções de inflação estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo foi fixado em 3% e será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Com a inflação ficando seis meses seguidos acima da meta em junho, o BC teve de divulgar uma carta pública explicando os motivos.
Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo trimestre de 2027.
Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 4,36% (com estouro da meta), 4,1%, 3,8% e em 3,5%. Ou seja, acima da meta central de 3%, buscada pelo BC.FONTE: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/12/16/ata-do-copom-bc-ve-melhora-no-cenario-para-inflacao-mas-diz-que-permanecera-vigilante-e-nao-indica-quando-pode-baixar-juro.ghtml